Idade

Em busca de uma cidade amiga do envelhecimento

Estudo feito em parceria com o Reino Unido busca mapear os desafios das cidades para se adaptarem aos idosos

Falta de infraestrutura, de segurança e de transporte adequado. Se esses problemas, comuns na vida dos pelotenses, incomodam até pessoas mais jovens, os idosos são ainda mais prejudicados. É com o objetivo de auxiliar os municípios a planejar melhor o desenho urbano, especialmente para os mais velhos, que surgiu a pesquisa Lugares com pessoas idosas: rumo a comunidades amigáveis ao envelhecimento das pessoas. Fruto de uma parceria entre o Brasil e o Reino Unido, o estudo está na metade do tempo de desenvolvimento e já apresenta alguns indicativos.

Além de Pelotas, integram a pesquisa os municípios de Belo Horizonte, Brasília, Edimburgo, Manchester e Glasgow - os três últimos no Reino Unido. A proposta de realizar um estudo em diversas cidades de duas nações é poder comparar e entender as diferentes experiências dos idosos em cada lugar. Fatores como contexto social, planejamento urbano, bairros e políticas públicas serão avaliados. Para o projeto ter sucesso, os pesquisadores de todos os locais usarão a mesma metodologia de pesquisa.

Os pesquisadores do projeto estão ouvindo os idosos para fazer um mapeamento dos principais problemas da cidade. Para isso, em Pelotas estão em contato com três bairros: Centro, Fragata e Navegantes. Visitas e conversas nesses locais já foram feitas e o principal problema apontado é a falta de infraestrutura. “Falta mobilidade urbana, pavimento, bancos, acessibilidade...”, enumera Adriana Portella. De acordo com a pesquisadora, essas ausências acabam fazendo com que os mais velhos não se apropriem da cidade como deveriam e passem mais tempo em casa.

Já no lado britânico, o principal problema é a falta de atividades voltadas aos idosos. Quem explica é o pesquisador Ryan Woolrych, coordenador da pesquisa no Reino Unido e professor na Universidade Heriot-Watt (Edimburgo). Ele e outros cinco pesquisadores do Reino Unido, além de outros dois de Brasília e um de Minas Gerais, passaram uma semana na cidade para consolidar a internacionalização do projeto e desenvolver atividades de pesquisa.

Segundo Ryan, as principais demandas dos idosos britânicos são lugares para caminhar, espaços de convivência e oportunidades de trabalho. Outro ponto levantado por ele são os diferentes tipos de atividades que devem ser destinadas aos idosos de idades distintas. “Uma pessoa de 65 anos tem necessidades diferentes de outra de 90”, exemplifica. Além disso, cita a ausência de integração dos mais velhos à rotina da família.

Demandas
No Brasil, porém, esse problema é bem menos acentuado. Sandra Regina da Silva é assistente social no Centro de Referência em Assistência Social (Cras) São Gonçalo, no Navegantes, e aponta os serviços de convivência e fortalecimento de vínculos como uma alternativa à ociosidade. Apesar da atividade já ser consolidada e existente há mais de sete anos, alguns de seus usuários passaram a ter mais dificuldade de acessá-la nas últimas semanas devido à perda da gratuidade nos ônibus para pessoas entre 60 e 64 anos. Os dois grupos de convivência são voltados a pessoas com mais de 60 anos.

O estudo é integralmente financiado pelo governo britânico em um valor que ultrapassa 808,3 mil libras, o equivalente a mais de R$ 4,5 milhões. Ao final da pesquisa, prevista para maio de 2019, o objetivo é montar um guia para auxiliar no planejamento urbano das cidades. Para a UFPel, a herança será um laboratório de estudos comportamentais equipado com todos os aparelhos adquiridos ao longo da pesquisa.

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